ADAIR SILVA COSTA

Hoje, Dona Chica faleceu aos 85 anos, e o mundo perdeu uma verdadeira fortaleza, uma mulher incansável que, por toda a sua vida, foi um exemplo de força e resiliência. Aos 60 anos, ela enfrentou a perda do marido e de um filho, e posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes a vi chorar, mesmo sabendo da dor que habitava seu olhar.

Ela sempre foi a mulher mais durona que já conheci, e é exatamente essa sua força que tanto admiro. Nunca a ouvi dizer “estou com medo de ficar sozinha” ou “não quero ficar só”. Ela sempre dizia: “não me incomode e me deixe quieta”. Ela se bastava, como poucos.

E mesmo no final, com a memória pregando suas peças, ela, como boa professora, conseguia perceber os erros gramaticais na fala dos outros. Sempre me dizia: “Bianquinha, você viu como fulano fala errado?”. A paixão pela educação, pela língua portuguesa, nunca a deixou.

Além da sala de aula, nós duas compartilhávamos uma outra paixão: lavar roupa. Foi com ela que aprendi a felicidade simples de sentir o cheiro de uma roupa bem lavada.

Dona Chica sempre foi geniosa, sim, mas também era como uma montanha: firme, forte, inquebrantável. Hoje, ao escrever sobre ela, sinto que temos que demonstrar nosso amor enquanto as pessoas estão vivas, enquanto temos tempo. Porque, mesmo agora, nas tantas de mim, sempre haverá um pedacinho meu que é muito Dona Chica.

Descanse em paz, Dona Chica. Sua força e legado nunca serão esquecidos.